A música está muito ligada aos sentimentos e ao sensorial.
Sempre que ouvimos e/ou tocamos uma música sentimos diversas emoções.
As possibilidades são inúmeras. Isso acontece graças ao que chamamos de funções harmônicas.
Cada Acorde tem seu Papel
As diversas progressões de acordes que fazem parte do Campo Harmônico, as formas como eles se combinam sequencialmente e com a melodia, o ritmo e as dinâmicas são responsáveis por produzir inúmeras sonoridades, sensações e emoções em nossas almas.
Lembra que utilizamos o termo família para explicarmos o Campo Harmônico?
Assim como em uma família, cada acorde possui uma determinada função, um papel, de acordo com sua característica.
Essas funções e características acabam por produzir determinadas sensações e sentimentos.
Por isso, ao compreendermos melhor as funções harmônicas estamos entendendo o “caminho” utilizado pelo autor da peça musical que nos leva sentir determinadas emoções.
As Funções Harmônicas e Suas Sonoridades
Podemos estabelecer basicamente três sonoridades, ou sensações, em que uma tonalidade e o campo harmônico podem ser divididos: Tônica, Subdominante e Dominante.
Função | Característica |
Tônica | Possui um sentido de repouso, conclusivo. Gera estabilidade; |
Subdominante | Possui sentido de suspensão com pouca tensão, normalmente usada como passagem. Gera um pouco de instabilidade; |
Dominante | Possui sentido de suspensão com mais tensão, normalmente chama a tônica. Gera muita instabilidade; |
Funções dos Acordes
Agora veremos quais acordes são característicos das funções harmônicas apresentadas anteriormente.
Basicamente podemos definir que os acordes dos graus I, IV e V possuem as funções de tônica, subdominante e dominante respectivamente.
Eles são os principais acordes que geram de forma mais completa e marcante as sensações de conclusão, repouso, estabilidade, suspensão, tensão e instabilidade, mencionadas antes.
Contudo os outros acordes do campo harmônico também podem ser utilizados para gerar tais sensações, porém, de forma menos marcante e clara.
Observe a tabela a seguir:
Compartilhando Notas…
Vamos utilizar o C.H de dó para explicar a situação encontrada acima:
Relembrando nossa explicação sobre formação de acordes, se formos comparar as notas presentes no acorde de C7M (I7M) e no Em7 (IIIm7) veremos que eles possuem 3 notas em comum: E, G e B.
Devido à esse fato nós podemos considerar o grau IIIm7 também como exercendo função tônica.
Dentre as notas compartilhadas entre os dois acordes, temos em C7M:
- E → 3M
- G → 5J
- B →7M
Já em Em7:
- E → Fundamental
- G → 3m
- B →5J
O mesmo ocorre ao compararmos os acordes de C7M (I7M) e Am7 (VIm7).
Eles compartilham as notas C, E e G, portanto compartilham a função tônica também.
Dentre as notas compartilhadas entre os dois acordes, temos em C7M:
- C → Fundamental
- E → 3M
- G →5J
Já em Am7:
- C → 3m
- E → 5J
- G →7m
A mesma lógica irá se aplicar ao par IV7M – IIm7. No tom de dó maior, o F7M compartilha as notas F, A, C com Dm7 (IV7M e VIm7), portanto, ambos exercem função subdominante.
Dentre as notas compartilhadas entre os dois acordes, temos em F7M:
- F → Fundamental
- A → 3M
- C →5J
Já em Dm7:
- F → 3m
- A → 5J
- C →7m
Os graus V7 – VIIm7(b5). No tom de dó maior, os acordes G7 e Bm7(b5) compartilham as notas B, D e F, exercendo função dominante.
Dentre as notas compartilhadas entre os dois acordes, temos em C7M:
- B → 3M
- D → 5J
- F →7m
Já em Bm7(b5):
- B → Fundamental
- D → 3m
- F →5J
Analisando os acordes substitutos das funções harmônicas, podemos concluir, então que:
- Grau I7M pode ser substituído pelos gruas IIIm7 e VIm7;
- Grau IV7M pode ser substituído pelo grau IIm7;
- Grau V7 pode ser substituído pelo grau VII;
“Força” dos acordes de função
Após estabelecermos as funções harmônicas que os acordes sxercem, podemos qualificá-los de acordo com a força e o impacto que cada grau possui em relação a sua função.
Por exemplo, O acorde de grau I7M possui a função tônica de forma muito mais marcante e presente que os seus substitutos – os graus IIIm7 e VIm7 – que podem servir para a mesma função, porém, com menos força.
O mesmo acontece com as funções subdominantes e dominantes.
Podemos resumir a ideia da seguinte forma:
Como a tônica compartilha função com dois acordes, ou seja, duas possibilidades de substituição, ambos terão uma sensação fraca.
Já os substitutos da subdominante e dominante serão meio-fortes justamente por terem somente uma opção.
Agora que você já viu as funções de cada acorde no campo harmônico, vamos testar na prática para ver como funciona.
Aplicando as Funções no Instrumento
Pegue seu instrumento e toque a sequência C7M | F7M | G7 | C7M. Essas são as tétrades correspondentes aos graus I, IV e V do campo harmônico maior de dó.
Tente perceber a sensação transmitida por cada acorde, você verá que na passagem do C7M para o F7M a sensação de repouso inicial já irá se alterar, com uma leve instabilidade.
Quando chegamos no G7 podemos sentir uma forte tensão nesse acorde e quase que um “pedido” para um retorno a estabilidade, que é alcançado quando tocamos novamente o C7M.
Essa sensação de tensão e suspensão gerada pelo acorde do V7 (no caso do tom de dó seria o G7) é chamada de preparação dominante, devido a grande instabilidade produzida por este tipo de acorde
ATENÇÃO!
Apesar do acorde VIIm7(b5) poder ser um substituto do grau V7 (pois compartilham 3 notas), nós aconselhamos a não utilizar esta substituição.
Mais à frente veremos que o VIIm7(b5) funciona muito melhor em outros contextos que não sejam o de substituto do dominante.
Mas fique tranquilo, nós não ficaremos sem substitutos para o grau V7.
A partir de agora, nos próximos posts, vocês verão diversas possibilidades de preparação que podem ser utilizadas par substituir o V7.
Para finalizar, a imagem abaixo, resume bem os acordes do Campo Harmônico Maior que pertencem às funções tônica, subdominante e dominante:
Imagem retirada do site:
http://openmusictheory.com/harmonicFunctions.html
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