Você já ouviu falar no termo Two Five? Ou então em II – V? ou até mesmo “dois cadencial”? Esses termos fazem referência à uma das progressões de acordes mais comuns da música popular.
Conhecer a cadência 2 5 1 (II V I) é fundamental para entender a harmonia de diversas músicas consagradas na história.
Fique atento, vamos mostrar passo-a-passo o processo para entendermos o Two Five.
Progressão IV – V – I
Vimos que os acordes dominantes são comumente utilizados como preparação para acordes maiores ou menores. Temos a possibilidade também de desmembrar esse acorde dominante (a não ser que ele seja de curta duração) em dois acordes.
Com o intuito de dar mais movimento a preparação V – I, é comum adicionarmos um acorde de função Subdominante antes do V, gerando uma cadência IV – V – I.
Veja um exemplo abaixo na tonalidade de dó maior:
As notas dos baixos dos acordes acima caminham em 1T ascendente – intervalo de 2M (do F para o G) e depois uma 4J ascendente (do G para o C).
Alterando o Caminho do Baixo
Existe um caminho de baixo que gera mais sensação de movimento e tem um “poder” de soar melhor aos ouvidos que é o caminho de 4J ascendentes (ou 5J descendentes).
Ora, já vimos que do G para o C já ocorre esse caminho de 4J. Agora devemos procurar uma forma de transformar a passagem do F para o G também em uma 4J.
Lembre que o F é o grau IV, ou seja, função Subdominante. Como já vimos no post sobre funções de acordes, o IV pode ser substituído pelo IIm, certo? E o IIm de C é o Dm7.
Agora, vamos substituir o F pelo Dm7 (o IV pelo IIm). Temos a seguinte progressão:
Perceba que o caminho das notas do baixo do Dm7 para o G7 também é de uma 4J ascendente. Temos então uma progressão que gera movimento, preparação e repouso – Subdominante > Dominante > Tônica, e também temos o caminhar “ideal” das notas do baixo – salto de 4J ou 5J.
Finalmente o Two Five
Os graus dos acordes resultantes dessa progressão são: IIm V – I. É daí que vem o nome Two Five, o acorde IIm indo para o V. Por gerar uma maior sensação de movimento o IIm7 é chamado de “dois (ou segundo) cadencial”. Quando pegamos um acorde dominante (V7) e adicionamos um dois cadencial antes dele estamos fazendo um Desmembramento.
Devemos ficar atento, pois, nem sempre o two-five gera uma conclusão, ou seja, não necessariamente ele vai cair no grau I. Ele pode cair em outros acordes, gerando diferentes situações e classificações que serão vistas mais a frente.
Análise Harmônica do Two Five
Em termos de análise harmônica, quando a sequência II – V termina no grau I, dizemos que houve uma conclusão e apontamos essa conclusão como indicado na figura a seguir. Além disso, devemos colocar um colchete para indicar a passagem do IIm indo para o V.
Recapitulando
Para você não se perder, vamos recapitular o caminho que fizemos para chegar até o Two-Five-One
Essa cadência é muito comum na música popular, pois transmite uma ideia sequencial de suspense > preparação. Ao adicionarmos no final dessa sequência o acorde I7M, teremos a conclusão do ciclo – chamada de II – V – I.
O acorde IIm7, como já visto anteriormente, possui a função subdominante (substituindo o IV7M); já o V7 é dominante de preparação e o I é a tônica.
Dessa forma podemos ver a seguir as sequências IIm7 – V7 – I7M de todos os tons.
Two Five e o Jazz…
O two five é uma cadência muito utilizada em diversos estilos musicais. Contudo, no Jazz ela aparece de forma muito marcante.
Você já ouviu falar no Real Book? Trata-se de um livro (está mais para bíblia) com muitias, mas muitas, músicas de Jazz. É uma verdadeira enciclopédia do gênero.
Uma olhada rápida e inicial, já podemo ver o two five em diversas canções do realbook:
Affirmation
Airegin
Angel Eyes
Anthropology
Autumn Leaves
Basin Street Blues
Beautiful Love
Bernie’s Tune
Bird Food
Black Ice
O site abaixo contém várias partituras do Real Book. Dá uma conferida!
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