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6 Tipos de Linhas Internas Mais Comuns na Música Popular

Quando criamos, ou recriamos, uma Harmonia, estamos sempre buscando novas formas de embelezar e dialogar com a melodia.

Já vimos algumas estratégias para enriquecer as harmonias, com as diferentes formas de substituiçãopreparação aproximação.

Agora iremos um entender uma ferramenta bastante explorada na música popular para dar “movimento” a harmonia e criar um “contraste” interessante com a melodia.

Estamos falando das Linhas Internas.

O que são Linhas Internas?

Linhas Internas, ou “Line Cliches” em inglês, são movimentos cromáticos realizados por algumas notas dentro da harmonia.

Elas podem ser consideradas como um “contraponto” que ocorre dentre de um acorde, ou na passagem de vários acordes.

O contraponto é uma técnica de composição musical que utiliza duas, ou mais, linhas melódicas que se sobrepõem.

Claro que as notas escolhidas em cada linha melódica devem ser bem pensadas e respeitar os conceitos harmônicos e intervalares, de forma que o resultado da interação dessas vozes soa bem.

Essa técnica gera um efeito muito bonito nas melodias.

As linhas internas trazem essa ideia de contraponto para dentro dos acordes.

Veremos aqui, as linhas internas mais comuns na música popular.

Elas podem aparecer em:

  1. Acordes Maiores;
  2. Acordes Menores;
  3. Acordes Dominantes.

Leia com bastante atenção cada um dos tipos que vamos abordar aqui.

Ao final desta seção veremos exemplos de como essas linhas internas ocorrem em diversas músicas.

1. Linhas Internas nos Acordes Maiores

Nesses casos, elas são comuns nos acordes I e IV do Campo Harmônico Maior.

1.a A partir da 5J

Elas ocorrem com o movimento cromático ascendente a partir da 5J do acorde até a 6M e retornando até a 5J novamente.

5 → #5 → 6 → #5 → 5

Repare como a 5, subiu 1 semitom até a #5, depois mais 1 semitom até a 6.

Então, da 6 voltamos 1 semitom para a #5 e depois descemos mais 1 semitom para a 5.

Se tivermos um acorde de C7M, por exemplo, estes acordes ficariam assim:

5                #5                6              #5           5

||   C7M   |   C7M(#5)   |   C6   |   C7M(#5)   |   C7M   ||

1.b A Partir da 8J

Também temos um outro tipo comum de linhas internas nos acordes maiores.

Elas ocorrem com o movimento cromático descendente a partir da 8J do acorde até a 7m.

8 → 7 → b7

Repare como a 8, desceu 1 semitom até a 7, depois mais 1 semitom até a b7.

Se tivermos um acorde de C, por exemplo, estes acordes ficariam assim:

      8          7           b7

||   C   |   C7M  |   C7   ||

2. Linhas Internas nos Acordes Menores

Nos acordes Menores, temos dois tipos mais comuns de linhas internas.

Em ambos os casos, elas são comuns nos acordes IIm, IIIm e VIm do Campo Harmônico Maior.

2.a A partir da 5J.

Primeiramente, vamos conhecer a linha interna em acordes menores que ocorre com o movimento cromático ascendente a partir da 5J do acorde até a 6M e retornando até a 5J novamente.

5 → b6 → 6 → b6 → 5

Repare como a 5, subiu 1 semitom até a b6, depois mais 1 semitom até a 6. Então, da 6 voltamos 1 semitom para a b6 e depois descemos mais 1 semitom para a 5.

OBS.: Agora nós ciframos b6, ao invpes de #5, porque estamos falando de acordes menores.

Não existem acordes com terça menor e quinta aumentada.

Por isso utilizados a sexta menor.

Se tivermos um acorde de Em, por exemplo, estes acordes ficariam assim:

5                b6                6              b6                 5

||   Em   |   Em(b6)*   |   Em6   |   Em(b6)   |   Em ||

*Acorde Xm(b6) só pode ser cifrado assim em linha interna, caso ele apareça em outro contexto, deverá ser cifrado de outra maneira, sendo na verdade, outro acorde.

Clique aqui para entender melhor.

2.b A partir da 8J

Esse tipo de linha interna é um dos mais comuns, talvez você já até tenha visto alguma vez na vida.

Ele ocorre com o movimento cromático descendente a partir da 8J do acorde até a 6M:

8 → 7 → b7 → 6 

 
Repare como a 8, desceu 1 semitom até a 7, depois mais 1 semitom até a b7. e depois descemos mais 1 semitom para a 6.

Se tivermos um acorde de Dm, por exemplo, estes acordes ficariam assim:

8              7                 b7               6

||   Dm   |   Dm(7M)   |   Dm7   |   Dm6   ||

3. Linhas Internas nos Acordes Dominantes

Nos acordes Dominantes (V7), também temos dois tipos mais comuns de linhas internas.

3.a A partir da 9.

Essa linha ocorre com o movimento cromático descendente a partir da 9M do acorde passando pela 9m e chegando até a 5J do acorde alvo!

Fique ligado. A 5J do acorde alvo vai completar o caminho cromático da 9 e da b9!

Observe o exemplo em G7.

     9              b9                5

||   G7(9)   |   G7(b9)   |   C7M   ||

linhas internas

A linha interna ocorre aqui, pois a 9 do acorde de G7 é a nota Lá.

Logo, a b9 vai ser a nota Lá Bemol.

Quando o G7(b9) conclui no C7M, temos a passagem da nota Lá Bemol (b9 de G7) para a nota Sol (5 de C7M):

Repare também que acorde alvo poderia muito bem ser um Cm, pois ele também possui a nota Sol como quinta justa.

3.b A partir da 13.

Essa linha ocorre com o movimento cromático descendente a partir da 13M do acorde passando pela 13m e chegando até a 9 do acorde alvo!

Fique ligado: a 9 do acorde alvo vai completar o caminho cromático da 13 e da b13!

Observe o exemplo em G7.

 13              b13                9

||   G7(13)   |   G7(b13)   |   C7M(9)   ||

linhas internas

A linha interna ocorre aqui, pois a 13 do acorde de G7 é a nota Mi. Logo, a b9 vai ser a nota Mi Bemol.

Quando o G7(b13)  conclui no C7M, temos a passagem da nota Mi Bemol (b13 de G7) para a nota Ré (9 de C7M):

Repare também que acorde alvo poderia muito bem ser um Cm7(9), pois ele também possui a nota Ré como nona.

Observando as Linhas Internas na Prática

Chegou a hora de vermos alguns exemplos de músicas que utilizam o recurso das Linhas Internas:

Música: Michelle – The Beatles

Cuidado para a Cifra não te confundir. Esses acordes são Menores (com exceção do “C” ao final).
Observe como No “Fm” temos uma 8J que vai caindo para 7M, 7, 6 e b6, nos acordes seguintes.

Fm – Fm7M – Fm7 – Fm6 – Fmb6 – Bbm7 – C

Música: James Bond Theme – John Barry

http://four-strings-basslessons.blogspot.com/2013/10/weekly-basslines-125-line-cliches-part-1.html

Aqui esses acordes também são menores.

Observe como a 5 sobe para #5, chegando na 6, caindo novamente para #5, e depois para a 5.

Em – Em(#5) – Em6 – Em(#5) – Em

Música: Me chama – Lobão

https://www.cifraclub.com.br/lobao/me-chama/gwjpg.html#instrument=ukulele&tabs=false

Repare na parte destacada como temos um movimento de 8J, descendo para a 7M e depois para a 7m.

Mais um tipo de linha interna muito comum nas músicas populares.

D – D7M – D7 – G

Música: Carinhoso – Pixinguinha

http://www.superpartituras.com.br/Partituras/Download/carinhoso-v-3

Aqui temos um exemplo da primeira linha interna que falamos nos acordes maiores.

A 5 vai subindo cromaticamente até a 6 e depois retorna para a 5.

F – F(#5) – F6 – F(#5) – F

Música: Wave – Tom Jobim

Para exemplificar linhas internas em acordes dominantes, nada melhor que o mestre: Tom Jobim.

Veja na parte destacada como ele mistura as duas linhas internas para acordes dominantes que abordamos aqui, tanto com a 13 e b13 quanto com a 9 e b9.

No ‘F#’, a 13 é a nota Ré#, logo a b13 vai ser a nota Ré. Já no ‘B9’, a 9 é a nota Dó# e a b9 é a nota Dó.

Olha só o caminho cromático que ele faz passando por esses quatro acordes: Ré# – Ré – Dó# – Dó.

F#(13) – F#(b13) – B(9) – B7(b9)

Experimente as Linhas Internas Você mesmo

Agora chegou a sua vez de tentar aplicar esse conceito de linhas internas nas músicas que toca ou compõe.

Lembre-se: Tenha muito cuidado com a melodia principal para que sua linha interna não choque com ela.

Busque também mais exemplos de linhas internas em outras canções e procure ouvir a sonoridade de cada uma delas.

Dessa forma, você saberá melhor o contexto ideal para utilizá-las.

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